10/21/2025 | Press release | Archived content
A Repórteres Sem Fronteiras (RSF)juntou-se à petição da Associação de Imprensa Estrangeira (FPA)de Jerusalém junto à Suprema Corte de Israelpara que a Faixa de Gazaseja aberta a jornalistas, que têm sido impedidos de acessar o território de forma independente desde outubro de 2023. Antes da primeira audiência, marcada para 23 de outubro, a RSF apresentou em 15 de outubroum amicus curiaeà Suprema Corte, expondo fatos e argumentos jurídicos que apoiam a posição da FPA de que Israel está violando a liberdade de imprensa e o direito à informação sobre Gaza.
"Por um lado, o governo israelense impôs um bloqueio total à entrada independente de jornalistas - tanto israelenses quanto internacionais - em Gaza nos últimos dois anos. Por outro, mais de 210 jornalistas palestinos foram mortos em Gaza- pelo menos 56 deles durante ou em conexão com seu trabalho jornalístico- e são sistematicamente difamados. O resultado é uma violação sem precedentes da liberdade de imprensae do direito do público a uma cobertura midiática confiável, independente e plural. A Suprema Corte tem a oportunidade de finalmente defender princípios democráticos básicos diante de uma onda de propaganda, desinformação e censura, e de pôr fim a dois anos de destruição meticulosa e desenfreada do jornalismo em e sobre Gaza. Nenhuma desculpa, nenhuma restrição pode justificar a não abertura de Gaza à mídia internacional, israelense e palestina. Este é o apelo que dirigimos à Suprema Corte de Israel ao nos unirmos à petição da Associação de Imprensa Estrangeira.
Desde 7 de outubro de 2023, Israel fechou Gaza e negou o acesso independente de jornalistas externos ao território sitiado. Para contestar essa proibição, a RSF se uniu à petição judicial da FPA pela abertura das fronteirasda Faixa de Gaza ao acesso independente de jornalistas, e apresentou um amicus curiae à Suprema Corte israelense em 15 de outubro, com o objetivo de ajudar os juízes a compreenderem a posição da FPA.
Violação sem precedentes do direito público à informação
Desde 7 de outubro de 2023, apenas alguns jornalistas, principalmente israelenses, conseguiram entrar na Faixa de Gaza - e isso sob condições rigorosas, sobretudo a exigência de que se integrem às Forças de Defesa de Israel (FDI). Essas condições extremamente controladas impedem que os jornalistas trabalhem de forma adequada, restringindo gravemente a liberdade de imprensa e, por consequência, o direito do público à informação.
Por essas razões, a FPA de Jerusalém - que representa cerca de 400 correspondentes de veículos internacionais (incluindo La Stampa, BBC, Financial Times, France 24, Time, Die Zeit, Le Monde, Reuters, Fox News, Guang Ming Daily, CCTV, Sky News, RTBF, Al Arabiya News Channel, The New York Timese Rai Uno) em Israel, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza - decidiu contestar essa política israelense nos tribunais.
Após rejeitar a petição inicial da FPA nos primeiros meses da ofensiva, a Suprema Corte já adiou seis vezes a análise desta segunda petição.
O bloqueio abandona jornalistas palestinos a um destino sombrio
A RSF apoia a petição da FPA com o objetivo de defender uma concepção exigente do direito do público à informação, ou seja, o acesso a uma pluralidade de fontes livres, independentes e diversificadas de reportagem. Ao impedir a entrada de jornalistas internacionais em Gaza, o bloqueio israelense isola ainda mais os jornalistas locais, que precisam enfrentar sozinhos campanhas difamatórias israelenses, além de cobrir os acontecimentos em condições extremas.
A RSF documentou como jornalistas em Gaza têm sido constantemente difamados e ameaçados desde o início da devastadora contraofensiva israelense nos territórios palestinos. As campanhas de difamação israelenses vão desde a disseminação de imagens manipuladas até a criação de plataformas online destinadas a desacreditá-los. Em alguns casos, as acusações feitas pelas autoridades israelenses contra jornalistas palestinos foram até usadas como justificativa para ataques letais direcionados das FDI.
A RSF apresentou este amicus curiae menos de um mês após ter submetido sua quinta denúncia ao Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre crimes de guerra israelenses contra jornalistas na Faixa de Gaza.