09/09/2025 | Press release | Distributed by Public on 09/09/2025 08:11
Brasília, 8 de setembro de 2025 - A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde do Brasil organizaram uma reunião nestas segunda (8/9) e terça-feira (9/9) para conduzir o processo de validação da eliminação do tracoma como problema de saúde pública no Brasil. No encontro, 25 profissionais participaram, incluindo oftalmologistas, epidemiologistas e pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade de São Paulo (USP), Instituto Evandro Chagas (IEC) e Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.
"Essa reunião está sendo fomentada por um acordo de cooperação da OPAS com o Governo do Canadá, a partir da demanda do Ministério da Saúde de alinhar temas que devem ser abordados para a complementação do dossiê de eliminação do tracoma como um problema de saúde pública no Brasil", afirmou Sheila Rodovalho, oficial técnica em Malária e Doenças Infecciosas Negligenciadas da Representação da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil. Segundo ela, é necessário trabalhar de forma sustentada para alcançar a eliminação da doença, com vigilância pós-eliminação em cada estado e município do Brasil.
Com o dossiê em mãos, o Ministério da Saúde do Brasil poderá solicitar à OPAS e à OMS a certificação da eliminação do tracoma como problema de saúde pública no país. O tracoma é uma das chamadas doenças tropicais negligenciadas e afeta com maior frequência pessoas em maior vulnerabilidade, atingindo de forma desproporcional as mulheres, devido aos determinantes socioculturais e ao modo de transmissão. No Brasil, Colômbia e Peru, as populações mais afetadas são os povos indígenas da Bacia Amazônica.
Na mesa de abertura do evento, foi enfatizada a necessidade de respeito à interculturalidade. Putira Sacuena, diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena (DAPSI/ SESAI) do Ministério da Saúde, reforçou que "quando a gente respeita, reconhece o território enquanto tecnologia de cuidado e saúde, a gente avança na saúde pública no Brasil. Estamos aqui para discutir não somente cirurgia, não somente os exames que são fundamentais, mas a gente precisa reconhecer o que eles têm dentro do território", disse. Na mesma linha, Marília Santini, diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério, destacou a importância de levar em consideração a cultura do local ao se realizar as ações de eliminação do tracoma.
Um acordo de cooperação assinado entre a OPAS e o Governo do Canadá estabelece a implementação, entre 2023 e 2028, do projeto para melhorar a saúde das comunidades, mulheres e crianças por meio da eliminação do tracoma como problema de saúde pública nas Américas. A iniciativa prioriza 10 países da América Latina, incluindo o Brasil.
Segundo Sandra Talero, assessora regional da OPAS para Eliminação do Tracoma nas Américas, a parceria da OPAS com o governo do Canadá "dá a oportunidade de avançar rumo a um mundo mais sustentável. Esta iniciativa está focada em como podemos fornecer serviços para mulheres, crianças e, especialmente, populações vulneráveis, em particular os povos indígenas", acrescentou, ressaltando que acabar com a doença também é uma prioridade da Iniciativa da OPAS de Eliminação de Doenças.
Para alcançar o resultado de eliminação do tracoma a longo prazo, o projeto propõe ampliar o acesso e a demanda por intervenções da estratégia SAFE (sigla em inglês), uma abordagem baseada em evidências recomendada pela OPAS e pela OMS. Consiste em um pacote integrado de intervenções que inclui cirurgia para evitar a deficiência visual e cegueira, antibióticos para reduzir infecções, higiene facial para prevenir infecções e melhorias ambientais para reduzir a transmissão.
"Temos 17 países onde a estratégia SAFE está sendo implementada, mas ainda não com escala geográfica total. Em 12 países, já está sendo implementada em escala, e em 10 países, o trabalho encontra-se em diferentes estágios", complementou Anthony Solomon, diretor científico e secretário da Aliança para a Eliminação Global do Tracoma até 2020 da Organização Mundial da Saúde (OMS).