10/07/2025 | Press release | Distributed by Public on 10/07/2025 08:31
Após a conversa entre os presidentes do Brasil, Lula, e dos Estados Unidos, Donald Trump, na manhã de segunda-feira (6/10), a determinação é negociar para superar as tarifas adicionais de 50% do governo norte-americano aos produtos brasileiros, em vigor desde agosto.
Foi o que afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante o programa Bom Dia, Ministro desta terça-feira (7/10), transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Nós vamos nos acertar porque a determinação dos dois presidentes é de virar essa página equivocada, na minha opinião, que marcou os últimos dois meses aí da relação entre os países. Na nossa opinião, uma coisa que realmente não faz sentido. Eu acredito que vai distensionar e vai abrir um espaço para uma conversa franca e produtiva", disse Haddad
"Não se trata de uma aproximação de cunho ideológico. Se trata de uma reaproximação entre dois países. Governos entram e saem, mas dois estados da importância do Brasil e dos Estados Unidos têm que manter uma relação cordial. Estamos no mesmo continente, somos as maiores democracias ocidentais. Então, são coisas muito importantes", citou.
Para Haddad, Brasil e Estados Unidos possuem relações de mais de dois séculos, com uma longa tradição de cooperação, com os Estados Unidos vendendo mais produtos ao Brasil do que comprando, o chamado superávit.
"O que o presidente (Lula) vem repetindo, aliás, o vice-presidente (Geraldo Alckmin) também, com o (países integrantes do) G20, os Estados Unidos só têm superávit com três países: Inglaterra, Austrália e Brasil. Quer dizer, não faz muito sentido o Brasil ser tarifado".
"Depois, a América do Sul é a única região deficitária com os Estados Unidos. Então, não estamos falando nem em nome do Brasil. Estamos falando em nome do continente mesmo, que tem muitas oportunidades de investimento, sobretudo voltado para a transformação ecológica, terras raras, minerais críticos, energia limpa, eólica e solar. Nós temos um conjunto de oportunidades aqui voltados para industrializar o país, atrair investimentos. Então, eu creio que dá para ter uma agenda ganha-ganha, no continente", explicou o ministro.
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Responsável para dar sequência às negociações junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro das Relações, Mauro Vieira, Haddad comentou a determinação do presidente Trump, que designou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, como responsável pelas negociações do lado americano.
"Como estou numa agenda doméstica bastante intensa, negociando com o Congresso as medidas para fechar o orçamento, devo fazer até o final da semana algum movimento para saber da disponibilidade, do interesse, ou se o Marco Rubio vai participar em algum momento. Não, se ele vai estabelecer um contato com o Mauro Vieira antes disso. Eu não sei qual o protocolo que eles vão seguir. Mas nós vamos nos acertar".
"Nós estamos tão confiantes nos nossos argumentos que nós entendemos que eles vão se fazer valer pela diplomacia brasileira, que é das melhores do mundo. Nós temos o Itamaraty, que é reconhecidamente um órgão ultraprofissional, com gente muito qualificada, isso é histórico no Brasil, e eu penso que a nossa diplomacia vai dar conta disso. O papel do Ministério da Fazenda, do Ministério do Desenvolvimento, é justamente oferecer os melhores argumentos econômicos para mostrar, inclusive, que o povo dos Estados Unidos está sofrendo com o tarifaço. Eles estão com o café da manhã mais caro, eles estão pagando o café mais caro, eles estão pagando a carne mais cara, eles vão deixar de ter acesso a produtos brasileiros de alta qualidade da indústria, e eles estão notando, de dois meses pra cá, que as medidas mais prejudicaram do que favoreceram os Estados Unidos", explicou Haddad.
Para o ministro, trabalhadores e empresários brasileiros são os que mais estão sendo impactados.
O que nós precisamos é acelerar isso para tirar do ombro dos empresários e trabalhadores brasileiros, um ônus completamente injusto. Estão pagando um preço injusto pela ação de grupos de extrema-direita brasileiros que estavam até outro dia nos Estados Unidos desinformando o governo americano do que acontecia no país. Agora, até a qualidade moral dessas pessoas que estão lá, realmente é uma coisa deplorável o que está acontecendo. Mas são problemas que o Brasil vai saber superar", afirmou
"O tarifaço não se justifica do ponto de vista econômico e não se justifica do ponto de vista político. O Brasil está vivendo uma democracia, as instituições estão funcionando perfeitamente bem, isso está cada vez mais claro para o governo dos Estados Unidos, como está claro para o mundo inteiro, que não está acontecendo nada no Brasil que não siga absolutamente as regras democráticas do Estado de Direito. Então todas essas informações estão sendo processadas", afirmou Haddad.
Para o ministro, com o Plano Brasil Soberano e a abertura de novos mercados no exterior aos produtos brasileiros, o País está enfrentando os impactos no mercado de trabalho até o tarifaço acabar.
O Plano Brasil Soberano é uma Medida Provisória que prevê financiamento de R$ 30 bilhões para compensar prejuízos de exportadores afetados pelo tarifaço norte-americano. Prevê uma série de ações para compensar os exportadores afetados pelo aumento das tarifas, como linhas de crédito; prorrogação de prazos do regime de drawback; compras públicas; aportes a fundos garantidores de crédito; ampliação do Reintegra e prorrogação de prazos tributários.
"Nós criamos, num prazo recorde, o Plano Brasil Soberano, com R$ 30 bilhões para alavancar investimentos, readequações ou busca de novos mercados por parte das empresas mais afetadas, porque uma parte que vende commodities vai buscar outros mercados, mas todo mundo precisa de uma regra de transição. E o papel do Plano Brasil Soberano é oferecer a liquidez necessária para que essa transição, aconteça com menos turbulência possível".
"12% das nossas exportações vão para os Estados Unidos, contra 25% no começo do século. O presidente Lula sempre buscou diversificar a pauta de exportações para que o Brasil não dependesse de ninguém. Quanto mais parceiros comerciais nós tivermos, melhor. Está buscando agora o acordo com a União Europeia, está indo para a Indonésia conversar com os países do sudeste asiático", citou.