RSF - Reporters sans frontières

09/30/2025 | Press release | Archived content

Gaza: RSF apresenta quinta queixa ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra cometidos contra jornalistas pelo exército israelense

Com esta quinta denúncia desde outubro de 2023, a Repórteres sem Fronteiras (RSF) fornece ao Tribunal Penal Internacional (TPI) novas evidências de crimes de guerra cometidos pelo exército israelense contra jornalistas na Faixa de Gaza. A análise de alguns casos recentes revela que os profissionais da informação estão sendo deliberadamente visados.

Diante da persistência dos crimes cometidos pelo exército israelense contra jornalistas palestinos na Faixa de Gaza, a RSF apresentou uma nova queixa de crimes de guerra ao TPI, a quinta desde outubro de 2023. Uma primeira queixahavia sido apresentada em 31 de outubro de 2023, uma segunda, em 22 de dezembro, a terceira, em 27 de maio de 2024 e a quarta, em 24 de setembro de 2024. Em 5 de janeiro de 2024, a organização também conseguiu incluircrimes cometidos contra jornalistas pelos militares israelenses na investigação do promotor do TPI sobre a Palestina.

"Documentamos as circunstâncias dos ataques contra nada menos que 30 jornalistas, 25 dos quais foram mortos e cinco ficaram feridos entre maio de 2024 e agosto de 2025. A conclusão é clara: jornalistas são alvos, na grande maioria dos casos, em virtude da sua atividade jornalística ou no decurso da mesma. E a situação só está piorando: as acusações caluniosas, agora generalizadas, feitas pelas autoridades israelenses contra jornalistas palestinos estão sendo usadas para legitimar sua perseguição. Estamos chocados que os autores desses crimes ainda possam se beneficiar da impunidade oferecida pela inação judicial e política. Apelamos especialmente ao TPI para que se mantenha firme apesar das ameaças, pressões e sanções, e para que faça o seu trabalho, nada além do seu trabalho, mas todo o seu trabalho. Os crimes contra jornalistas devem ser punidos."

Antoine Bernard
Diretor de Advocacy e Assistência da RSF

A apresentação da queixa ocorre dois dias após a reunião de cerca de vinte estadossobre a situação dos jornalistas em Gaza, organizada em 24 de setembro de 2025 por iniciativa da RSF, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas. Este evento foi uma oportunidade para relembrar as graves falhas de Israel em seu dever de proteger civis, especialmente jornalistas, bem como a responsabilidade criminal dos autores de crimes contra jornalistas denunciados pela RSF em suas denúncias anteriores ao TPI.

Desde o início da ofensiva israelense em Gaza, pelo menos 210 jornalistas foram mortos, segundo a RSF. No caso de 56 deles, a RSFtem motivos razoáveis para acreditar que foram deliberadamente alvos dos militares israelenses por causa de suas atividades jornalísticas ou no exercício das mesmas.

Familiares de jornalistas vítimas de ataques israelenses

Alguns desses ataques israelenses tiveram como alvo as casas de jornalistas, acrescentando os seus familiares à lista de vítimas. O filho de 18 meses e o marido da jornalista Ola al-Dahdouh(28 anos) - morta em 31 de maio de 2024 por um ataque israelense - ficaram feridos, e seu tio por afinidade foi morto. Os jornalistas Mohammed Issa Abu Saada(31 anos) - alvejado por um míssil israelense e morto instantaneamente em 6 de agosto de 2024 - e Fatima Hassouna(25 anos) - morta em 16 de abril de 2025 por um ataque à sua casa - também perderam membros da família, como a irmã desta última, Alaa, que estava grávida. A esposa e os três filhos do jornalista Mohammed Jaber al-Qarinawi(30 anos) também foram mortos. O irmão do jornalista Hassan Hamad(19 anos) - morto por um ataque em sua casa em 6 de outubro de 2024 - ficou ferido. Os ataques às casas de suas famílias se somam às inúmeras pressões das autoridades israelenses para interromper suas reportagens, desde ameaças até ataques em campo.

Esses ataques deliberados também atingiram locais conhecidos por hospedar jornalistas: restaurantes e cafés que oferecem rara conexão de internet no enclave sitiado por Israel, tendas abrigando jornalistase, mais recentemente, o Hospital Al-Nasser. Outros jornalistas (Yahya Sobeih, Moamen Abu Alouf, e o cinegrafista Ahmad al-Louh) foram mortos em "bombardeios duplos". Essa tática envolve lançar um segundo ataque em um período muito curto de tempo após o primeiro ataque, com o objetivo aparente de atingir equipes de resgate e jornalistas que vieram cobrir as perdas de vidas causadas pelo primeiro ataque.

Acusações infundadas de terrorismo para justificar ataques a jornalistas

Os jornalistas Anas al-Sharif, Moamen Abu Aloufe Hossam Shabat foram acusados de terrorismo pelas forças israelenses, sem que nenhuma evidência confiável fosse apresentada. Pelo contrário, estas últimas estão envolvidas numa verdadeira campanha de descrédito dos jornalistas, como demonstrado numa investigaçãoda RSF sobre os rótulos mortais colados em jornalistas de Gaza. As acusações infundadas constituem uma "tática bem conhecida e vergonhosa do exército israelense que visa suprimir a verdade sobre os crimes hediondos cometidos em Gaza", denunciaram, em declaração conjunta datada de 12 de agosto de 2025, quatro relatores especiais das Nações Unidas.

O ataque ao Hospital Al-Nasser em 25 de agosto de 2025 teve como alvo uma câmera instalada pelo Hamas na área do hospital, de acordo com o exército israelense, como lembra a BBC. Embora nunca tenha havido nenhuma evidência para apoiar esta afirmação, sendo o local era, ao contrário, conhecido por ser usado por profissionais dos meios de comunicação.

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Publicado em30.09.2025
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RSF - Reporters sans frontières published this content on September 30, 2025, and is solely responsible for the information contained herein. Distributed via Public Technologies (PUBT), unedited and unaltered, on October 02, 2025 at 18:55 UTC. If you believe the information included in the content is inaccurate or outdated and requires editing or removal, please contact us at [email protected]