09/24/2025 | Press release | Distributed by Public on 09/24/2025 15:57
O presidente Lula voltou a conclamar os países integrantes das Nações Unidas a fazer história na COP 30, na direção da salvação da vida no planeta. "Por isso, faço um apelo aos países que ainda não apresentaram o NDC. O sucesso da COP 30 de Belém depende de vocês. Vamos juntos fazer da Amazônia o palco de um momento decisivo da história do multilateralismo", reiterou Lula, no terceiro dia de compromissos em torno da 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
NDC é a sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas (Nationally Determined Contributions). O termo foi instituído no Acordo de Paris (na COP 21, em 2015), E compreende as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa estabelecidas por cada nação.
A cobrança para que os países apresentem seus compromissos e suas metas de cumprimento veio acompanhada de reiteradaas advertências. Isso porque a ausência de respostas dos Estados aos efeitos das mudanças climáticas na vidas das pessoas e países trazem também impactos parta a própria democracia, e favorece a ascensão da antipolítica, do negacionismo e do autoritarismo.
"Porque se não tomarmos decisão, a sociedade vai parar de acreditar nos seus líderes e ao invés de nós fortalecermos a luta contra o aquecimento global, a gente vai ajudar o descrédito na política, no multilateralismo e na democracia. E todos nós perderemos porque o negacionismo poderá vencer."
Em seu pronunciamento na Sessão de Abertura do Evento sobre Clima para Chefes de Estado e de Governo, o presidente brasileiro alertou que "menos de 50 dias separam esta reunião da COP 30" (que começa em novembro, em Belém)."É momento de questionar se o mundo chegará a Belém com a lição de casa feita (...) Mas a apresentação de contribuições nacionalmente determinadas não é uma opção, como deixou claro a Corte Internacional de Justiça. É uma obrigação", afirmou, lembrando que sem o conjunto das NDCs, "o planeta caminha no escuro".
Lula foi contundente na crítica ao negacionismo climático, sem citar nomes, destacando que não é apenas climático, mas também multilateral, já que norteia as disputadas geopolíticas globais, no campo das disputas comerciais e também políticas."Ninguém está a salvo dos efeitos da mudança do clima. Muros nas fronteiras não vão conter secas nem tempestades. A natureza não se curva às bombas nem a navios de guerra. Nenhum país está acima do outro. O risco do unilateralismo é a reação em cadeia que ele provoca", disse.
Cada compromisso rompido é um convite para as novas atitudes isoladas. Precisamos resgatar a convicção na mobilização coletiva. Não fosse o Acordo de Paris, já estaríamos na rota dos 4 graus de elevação da temperatura média da Terra."
Menos de 50 dias separam esta reunião da COP 30. É momento de questionar se o mundo chegará a Belém com a lição de casa feita. O Acordo de Paris deu aos países a liberdade de formular meta de redução de emissões condizente com suas realidades e capacidades.
Mas a apresentação de contribuições nacionalmente determinadas não é uma opção, como deixou claro a Corte Internacional de Justiça. É uma obrigação. Em um mundo em que graves violações se tornaram corriqueiras, deixar de apresentar uma NDC parece um mal menor.
Mas, sem o conjunto das NDCs, o planeta caminha no escuro. Só com o quadro completo saberemos para onde e em que ritmo estamos indo. Hoje, os países daqui reunidos estão cumprindo seu dever, mas há outros que ainda não o fizeram.
O negacionismo que enfrentamos não é apenas climático, é também multilateral. Ninguém está a salvo dos efeitos da mudança do clima. Muros nas fronteiras não vão conter secas nem tempestades.
A natureza não se curva às bombas nem a navios de guerra. Nenhum país está acima do outro. O risco do unilateralismo é a reação em cadeia que ele provoca.
Cada compromisso rompido é um convite para as novas atitudes isoladas. O resultado é um ciclo vicioso de desconfiança e paralisia. Precisamos resgatar a convicção na mobilização coletiva.
Não fosse o Acordo de Paris, já estaríamos na rota dos 4 graus de elevação da temperatura média da Terra. Se formos capazes de proteger a camada de ozônio, também podemos deter o aquecimento global. O fatalismo é o pior inimigo da ação.
A transição energética abre as portas para uma transformação produtiva e tecnológica equiparável à Revolução Industrial. As contribuições nacionalmente determinadas são o mapa do caminho que guiará cada país nessa mudança. Elas não são meros números ou percentuais.
São uma oportunidade para repensar modelos e reorientar políticas de investimentos rumo ao novo paradigma econômico. Para que isso ocorra em escala global, nações ricas precisam antecipar suas metas de neutralidade climática e ampliar o acesso a recursos e tecnologias a países em desenvolvimento. O princípio das responsabilidades comuns mais diferenciadas continua o atual.
O Brasil foi o segundo país a apresentar sua nova NDC. Estamos comprometidos a reduzir as emissões de todos os gases do efeito estufa entre 59% e 67%, abrangendo todos os setores da economia. Nossa meta de zerar o desmatamento até 2030 contribuirá para concretizar esse objetivo.
Ao sediar a COP na Amazônia, o Brasil quer mostrar que não há como preservar a natureza sem cuidar das pessoas. Não há como revolucionar nossa relação com o planeta sem engajar uma ampla gama de atores. Por isso, promovemos o balanço ético global, com seis diálogos regionais que incluíram representantes da sociedade civil, do setor privado, dos povos indígenas e comunidades tradicionais, cientistas, artistas, líderes religiosos e autoridades locais.
A voz das pessoas precisa chegar aos chefes de Estado e de governo. Queremos promover uma cúpula de líderes que propicie um diálogo franco e direto à altura da missão que nossa sociedade nos confiaram. Temos a chance de reparar injustiça e construir um futuro próspero e sustentável para todos.
Por isso, faço um apelo aos países que ainda não apresentaram o NDC. O sucesso da COP 30 de Belém depende de vocês. Vamos juntos fazer da Amazônia o palco de um momento decisivo da história do multilateralismo.
Eu tenho dito que a COP 30, secretário-geral, é a COP da verdade. Essa COP vai ter que dizer se nós acreditamos ou não no que a ciência está nos mostrando. Se nós, líderes e chefes de Estado, confiamos ou não na ciência, nós vamos ter que tomar decisão.
Porque se não tomarmos decisão, a sociedade vai parar de acreditar nos seus líderes e ao invés de nós fortalecermos a luta contra o aquecimento global, a gente vai ajudar o descrédito na política, no multilateralismo e na democracia. E todos nós perderemos porque o negacionismo poderá vencer. Por isso, a bola está com a COP 30 de Belém e eu espero contar com todos vocês.
Muito obrigado.