10/25/2025 | Press release | Distributed by Public on 10/25/2025 05:38
A visita oficial à Malásia "muda de patamar" a relação entre Brasil e o país do Sudeste Asiático, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste sábado (25/10). A declaração ocorreu logo após uma reunião bilateral entre o presidente brasileiro e o primeiro-ministro malásio, Anwar Ibrahim. O encontro em Putrajaya, onde fica a sede de governo e a residência oficial do governo malasiano, marca um novo momento nas relações bilaterais, com foco no fortalecimento de parcerias em áreas estratégicas, acrescentou Lula.
CONVERGÊNCIA POLÍTICA - Esta é a primeira visita do presidente Lula à Malásia e a segunda de um chefe de Estado brasileiro ao país, 30 anos depois da primeira. O encontro consolida o diálogo iniciado entre os dois líderes em reuniões anteriores nas cúpulas do G20, em novembro de 2024, e do BRICS, em julho deste ano, e reflete a convergência entre as nações em temas globais como o fortalecimento do multilateralismo, o combate à fome e a promoção da paz.
» Íntegra da declaração à imprensa do presidente Lula
CRÍTICAS ÀS GUERRAS - Os discursos dos dois chefes de Estado tiveram diversos pontos em comum, como a defesa do multilateralismo, a necessidade de cooperação entre os dois países e críticas às guerras, como na Ucrânia e em Gaza. "Quem é que se conforma com a duração da guerra entre a Ucrânia e a Rússia? Quem é que pode se conformar com o genocídio impetrado na Faixa de Gaza durante tanto tempo? E não só a violência dos tiros e das guerras e das bombas, mas a violência de utilizar a fome, a vontade de comer de uma criança, como forma de torturá-las", afirmou o presidente brasileiro.
Cada visita que realizamos a outro país é uma oportunidade de firmar novos acordos e parcerias comerciais. Aqui na Malásia, não será diferente. Estamos assinando cooperações nas áreas de ciência, tecnologia e inovação, semicondutores, tecnologia da informação e área acadêmica.… pic.twitter.com/eP8BXfLpIa
- Lula (@LulaOficial) October 25, 2025GOVERNANÇA - Esses eventos, acrescentou, exigem reformas na governança global, com a criação de instituições capazes de atuar com mais resolutividade nos dilemas da geopolítica atual. "As instituições multilaterais criadas para tentar evitar que essas coisas acontecessem pararam de existir. Hoje, o Conselho de Segurança da ONU e a ONU não funcionam mais", disse. "E assim as coisas vão acontecendo, sem que haja nenhuma governança capaz de dizer que não pode ser assim".
LIDERANÇA - O primeiro-ministro Anwar Ibrahim destacou o comprometimento de Lula em lidar com agendas que se conectam ao povo brasileiro e a capacidade do presidente como liderança capaz de exercer influência na comunidade internacional. "Nós o conhecemos como líder que representa a classe trabalhadora e permanece consistente em sua luta para defender os mais pobres", afirmou.
AMIZADE - O líder malasiano também destacou a amizade com o presidente brasileiro. "Este não é um encontro diplomático comum, mas um engajamento entre amigos que compartilham convicções e ideais. Vamos garantir que nossas relações se estendam além do comércio e da política, alcançando também a cultura e o desenvolvimento humano", disse Ibrahim Anwar.
ACORDOS ASSINADOS - Durante a cerimônia, foram firmados sete instrumentos de cooperação, entre eles memorandos de entendimento nas áreas de semicondutores, ciência e inovação tecnológica, pesquisa espacial e agricultura sustentável, além de acordos entre instituições de formação diplomática e centros de pesquisa dos dois países. Também foram abertos seis novos mercados para produtos brasileiros. Além da retomada do comércio de carne de frango, o governo da Malásia autorizou a importação de pescados extrativos e de cultivo, gergelim, melão e maçã, formalizou a abertura do mercado para ovos em pó e antecipou a missão de auditoria que vai avaliar 16 plantas brasileiras de carne suína.
COMÉRCIO BILATERAL - A Malásia é um dos principais parceiros do Brasil na Ásia, com intercâmbio crescente em áreas de tecnologia e energia. O comércio bilateral somou US$ 487,2 milhões em setembro de 2025, sendo US$ 346,4 milhões em exportações brasileiras e US$ 140,9 milhões em importações. Em 2024, o fluxo total chegou a US$ 5,8 bilhões, com aumento de 5,9% em relação ao ano anterior e superávit brasileiro de US$ 2,7 bilhões. Os principais produtos exportados foram minério de ferro (37%) e óleos brutos de petróleo (28%), volume superior ao das exportações brasileiras para países europeus como França, Itália, Portugal e Reino Unido.
CONFLUÊNCIA - Lula destacou a convergência de interesses entre o Brasil e a Malásia. "Há tanta confluência entre os nossos pensamentos que basta agora fazer com que as nossas equipes trabalhem com afinco para que possamos realizar nos próximos anos o que não aconteceu em tantos outros. O Brasil precisa da Malásia, e a Malásia precisa do Brasil", afirmou.
ASEAN - A Malásia é um dos países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), bloco econômico integrado por Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã. Na quinta e na sexta-feira (23 e 24/10), o presidente brasileiro esteve na Indonésia. No domingo (26), ele deve se tornar o primeiro presidente a participar de uma Cúpula da ASEAN. A visita acontece a convite da Presidência do bloco, atualmente exercida pela Malásia. Em 25 anos, o comércio entre o Brasil e a ASEAN cresceu mais de 16 vezes, e no ano passado chegou a US$ 37,2 bilhões.
MUDANÇA DO CLIMA - Ao tratar da agenda climática, Lula reforçou o papel do Brasil como articulador internacional em defesa da sustentabilidade e da ciência. Alertou para a necessidade de transformar compromissos assumidos em resultados efetivos. "Como é que vamos evitar que o planeta possa ser destruído se sabemos o que está destruindo e não tomamos atitude para evitar? Nós tomamos as decisões em uma COP, e quem é que vai cumprir? O Protocolo de Kyoto até hoje não foi levado em prática. O Acordo de Paris muita gente não está respeitando", listou.
COP DA VERDADE - O presidente reiterou a urgência de ações concretas para mitigar os danos causados ao meio ambiente, e afirmou que a COP30, que será realizada em Belém (PA) em menos de um mês, será o momento de transformar compromissos em resultados efetivos. "A COP30 será a COP da verdade. Será a COP em que a gente vai ter que dizer se a gente acredita ou não nas informações que a ciência está nos dando. Chega o momento em que a gente tem que pensar no planeta. E aí é que é preciso ter instrumentos de governança global, e isso nos faz falta hoje", disse