OPAS participa de seminário nacional sobre envelhecimento, mudanças climáticas e saberes tradicionais

Brasília, 11 de setembro de 2025 - Belém, na Região Norte do Brasil, sedia, nos dias 11 e 12 de setembro, o I Seminário Nacional de Envelhecimento, Sustentabilidade, Mudanças Climáticas, Demências e Cuidado, Saberes Tradicionais e Ancestralidade: uma Perspectiva Intergeracional, promovido pela Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz Nacional). O representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, Cristian Morales, foi um dos palestrantes do primeiro dia.

Em sua intervenção, Cristian Morales destacou que as mudanças climáticas afetam de maneira mais intensa as pessoas idosas e aquelas com doenças preexistentes, como Alzheimer e outras demências.

"Temos que lembrar que a primeira vez que começamos a falar disso no mundo foi por causa de uma onda de calor, em 2003, na França, que provocou em torno de 15 mil mortes. A maioria desses óbitos foi de pessoas idosas, que viviam sozinhas, sem redes de apoio social e, em muitos casos, acometidas por condições de demência e outras doenças. Foi um alerta", afirmou.

O representante da OPAS e da OMS no Brasil reforçou que não há como pensar na saúde das pessoas idosas e com demência sem integrar a questão das mudanças climáticas. Para ele, é fundamental avançar em políticas públicas intersetoriais que unam saúde, meio ambiente, desenvolvimento social e proteção das populações em todas as idades.

Ele também destacou a importância de promover cidades e comunidades amigas das pessoas idosas, com resiliência frente às mudanças climáticas. Esse conceito envolve adaptar serviços e estruturas físicas para que os territórios sejam mais inclusivos e receptivos às necessidades da população que envelhece, garantindo qualidade de vida.

Para incentivar essas iniciativas, a Organização Mundial da Saúde criou a Rede Global de Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas. Com o apoio da OPAS, a Região das Américas tornou-se a que mais cresce dentro da rede. No Brasil 51 municípios integram a Rede Global.

Outras participações

A mesa de abertura foi moderada por Walquíria Alves, conselheira nacional de saúde, e contou também com a participação de Celene Pinheiro, presidente da ABRAz Nacional. Ela ressaltou que o cenário das demências no Brasil evidencia as disparidades sociais e a inequidade de acesso à educação e aos cuidados com a saúde mental, auditiva e visual.

"É muito importante promovermos o letramento em saúde da população, falar sobre os fatores de risco para que as pessoas possam entender a importância disso na vida delas", afirmou Celene Pinheiro.

Também participaram da mesa de abertura Magda Nery, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG-Pará), e Nelson José de Souza Júnior, pró-reitor de Extensão da Universidade Federal do Pará (UFPA).

O seminário reuniu especialistas, gestores públicos, representantes da sociedade civil organizada, ativistas da causa idosa, pesquisadores e lideranças de povos e comunidades tradicionais para debater os impactos das mudanças climáticas sobre a saúde e o envelhecimento da população.

Assista os debates na íntegra: https://www.youtube.com/live/2UaV68Htl2w?feature=shared