09/30/2025 | Press release | Distributed by Public on 09/30/2025 18:02
Ação reforçou a necessidade da autorização familiar no processo de doação, esclareceu mitos e apresentou histórias reais de vidas transformadas após transplantes
O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, promoveu nesta terça-feira (30) palestra de incentivo à doação de órgãos e tecidos. A ação buscou fortalecer o engajamento em torno do tema, essencial para a saúde pública, esclarecendo dúvidas, combatendo preconceitos e reforçando a importância da decisão familiar no momento da autorização para a doação.
Foram repassadas informações sobre critérios médicos e legais que envolvem o processo de doação e o impacto direto que cada ato solidário pode representar na vida de pacientes à espera de um transplante.
Para o membro da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (Cihdott), do Hoiol, Matheus Bernardes, é fundamental investir em campanhas contínuas de educação, levando informação clara, acessível e humanizada. "Ações dentro de hospitais, escolas, igrejas e centros comunitários ajudam a desmistificar o tema, mostrando que a doação pode salvar vidas, e que cada pessoa pode ser um elo essencial nessa corrente de solidariedade. Além disso, o depoimento de famílias que vivenciaram o processo pode ser um poderoso instrumento de sensibilização", frisou Matheus Bernardes.
Suporte - Outro ponto destacado foi como profissionais de saúde podem lidar com o impacto emocional da doação e do transplante. Segundo Matheus Bernardes, a escuta qualificada, o acolhimento e a empatia são fundamentais para oferecer suporte às famílias em momentos de luto e decisão. "O apoio psicológico contínuo, tanto para familiares quanto para equipes de saúde, é considerado indispensável para enfrentar a carga emocional desse processo, que envolve dor, esperança e recomeço", afirmou.
Histórias de crianças e adolescentes que receberam um órgão ou medula, e puderam retomar sua vida com saúde, foram fontes de inspiração. "Recentemente, tivemos em nosso Hospital o caso de um paciente pediátrico portador de tumor de Wilms que recebeu um rim de um doador. Essa vitória reforça a importância da nossa ação de conscientização e evidencia que, juntos, podemos cada vez mais salvar nossas crianças e oferecer a elas a chance de um futuro com mais qualidade de vida", destacou Matheus Bernardes.
Desejo expresso - Rosinete Soares, 48 anos, não sabia sobre a importância de conversar com a família sobre o desejo de ser doadora. "É essencial deixar tudo alinhado, expressar nosso desejo em vida para que eles estejam cientes da nossa vontade. Outra questão que achei muito relevante foi sobre o cadastro e a facilidade de baixar o aplicativo. Quando eu me cadastrei, não existia o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), que surgiu justamente para viabilizar e facilitar todo esse processo", disse.
Em 2001, o Brasil deixou o sistema de doação presumida e passou a seguir o modelo de doação consentida - a retirada de órgãos só pode ocorrer com a autorização da família, começando pelos parentes mais próximos, como pais, cônjuges e filhos. É justamente no momento de luto, diante da perda de um ente querido, que equipes especializadas iniciam o acolhimento e o diálogo com os familiares. No entanto, nem sempre a autorização é concedida, o que limita o número de doações efetivadas.
"A maioria dos nossos pacientes é de casos oncológicos. Portanto, não são aptos a ser doadores. No entanto, todos os casos com possibilidade de morte encefálica são acompanhados pela Cihdott e pela Central Estadual de Transplantes, e avaliados individualmente. Nosso trabalho também envolve esclarecer os familiares, garantindo que as informações necessárias para viabilizar a doação sejam disseminadas de forma adequada", informou Cylia Serique, membro da Cihdott Hoiol.
A oncologista pediátrica Karoline Silva ressaltou mitos e barreiras culturais que dificultam a doação de órgãos no Brasil. Entre eles, a crença de que o ato pode contrariar preceitos religiosos, já que o País possui uma grande diversidade de religiões. Outro mito recorrente está relacionado à possível desfiguração do corpo do doador, o que não procede.
"A retirada dos órgãos é realizada por meio de procedimento cirúrgico, com todo o cuidado estético necessário, sem interferir na possibilidade de velório com caixão aberto. A recusa das famílias em autorizar a doação continua sendo um dos maiores obstáculos, mesmo quando o potencial doador havia manifestado o desejo em vida. Por isso, é fundamental conversar com os familiares e deixar claro o desejo de ser doador, para que, no momento do óbito, a decisão possa ser respeitada", orientou a especialista.
Lista de espera - Há listas únicas de espera para cada modalidade gerenciadas pelas Centrais Estaduais de Transplantes (CETs), nas quais os pacientes são inscritos por meio de um sistema informatizado (SIG/SNT). A posição na lista de espera é definida pela data da inscrição e por critérios técnicos de compatibilidade entre o doador e o receptor (como a compatibilidade sanguínea, antropométrica e gravidade do receptor). Para alguns transplantes é exigida ainda a compatibilidade genética.
A doação pode ser intervivos (um dos rins, parte do fígado, parte da medula ou parte dos pulmões) ou com doador falecido (rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino; córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do cordão umbilical, veias e artérias). Para efetivar a doação é preciso entrar em contato com a CET pelo telefone (91) 99740-6531.
Texto: Leila Cruz- Ascom/Hoiol